Estudo realizado por pesquisadores do Hospital das Clínicas (HC)
da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) apontou que o consumo habitual de café
em doses moderadas pode trazer efeitos benéficos para a saúde e contribuir para
a prevenção de doenças. Os resultados das análises realizadas nos últimos cinco
anos com 150 pessoas revelaram que o consumo de café aumenta a atividade
antioxidante no organismo e melhora o desempenho em exercícios físicos.
O médico Bruno Mahler
Mioto, que integra a Unidade de Pesquisa Café e Coração, do Instituto do
Coração (InCor), aponta que o estudo procura esclarecer dúvidas a respeito dos
efeitos do consumo de café na saúde humana.
— Já se sabe que a
ingestão de altas doses de cafeína pode desempenhar efeitos deletérios na
pressão arterial e na frequência cardíaca. Entretanto, esse efeito foi obtido
em testes nos quais se utilizou cápsulas de cafeína pura, em que cada unidade
equivalia a seis xícaras grandes de café. Quando se analisa o consumo habitual
de café, os resultados obtidos são geralmente neutros ou positivos.
Os participantes do
estudo inicialmente ficaram 21 dias sem ingerir café. Em seguida, tomaram café
continuamente, 450ml por dia, em dois períodos de 28 dias, sendo que em cada um
deles variava a intensidade da torra do café (média ou escura). Em cada fase
foram realizados exames de holter, colesterol, pressão arterial, testes de
esteira e de reatividade vascular, entre outros.
— As análises do plasma
sanguíneo revelaram maior atividade antioxidante nos consumidores de café, seja
com o café de torra média ou com o de torra escura — destaca o médico.
De acordo com o médico,
o café pode ser uma das principais fontes de antixoxidantes na dieta, se
consumido de forma razoável.
— A literatura médica
também registra que o café tem efeito protetor contra diabetes. Nos testes de
esteira, os consumidores de café tiveram melhor performance atlética e maior
tempo de exercício. Este resultado foi verificado também nos pacientes
coronáriopatas, que não apresentaram nenhum evento cardíaco adverso, como
angina ou arritmias — acrescenta Mioto.
Prevenção de doenças
Outro benefício para a
saúde associado ao café verificado na pesquisa é que a bebida não tem efeito
negativo sobre a reatividade vascular, função endotelial associada à vasodilatação
e a formação de radicais-livres.
— Outros estudos
demonstram que o café melhora a memória e atenção e, quando consumido na
merenda escolar, pode melhorar o desempenho dos alunos. Um estudo com 300 mil
pacientes realizado nos Estados Unidos revelou que o café está associado a
diminuição de mortalidade total, por doenças cardiovasculares ou mesmo devido à
causas externas — ressalta o pesquisador.
De acordo com Mioto, a
pesquisa do InCor tem demonstrado que o consumo habitual da bebida está
associado à prevenção de doenças.
— Uma pessoa que toma
café habitualmente geralmente adquire tolerância à cafeína, impedindo que
aconteçam efeitos adversos como palpitações e arritmia cardíaca, que podem
ocorrer em consumidores esporádicos — destaca.
Todos os cafés testados
levaram a um aumento discreto dos níveis de colesterol.
— Numa próxima etapa do
estudo, serão verificadas quais as subfrações aumentaram, e se são benéficas ou
prejudiciais à sáude. O café com torra escura não teve impacto na pressão
arterial, enquanto o de torra média causou discreto aumento, provavelmente sem
nenhuma relevância clínica. Imagina-se que a torra mais escura elimine
substâncias que influenciem na pressão arterial, visto que o consumo de café
descafeinado também pode determinar discreta elevação da pressão — afirma
Mioto.
Fonte: Zero Hora