Um tratamento experimental permitiu proteger macacos do vírus
Ebola, que provoca uma febre hemorrágica devastadora, após o aparecimento dos
sintomas, anunciaram esta quarta-feira cientistas americanos.
Os resultados
promissores podem abrir o caminho para o desenvolvimento de terapias contra
esta infecção, cuja taxa de mortalidade é de 90% entre os humanos, avaliam os
cientistas no estudo publicado na revista Science Translational Medicine.
James Pettitt, do
Instituto de Pesquisas de Doenças Infecciosas do Exército americano (USAMRIID),
principal autor do estudo, explicou que esta terapia, chamada MB-003, tinha
permitido proteger 100% dos primatas tratados uma hora depois de terem sido
expostos ao vírus Ebola.
Dois terços destes
animais, tratados 48 horas depois de terem sido infectados, também ficaram
protegidos.
Este último estudo
mostra que 43% dos primatas se curaram do Ebola depois de ter recebido
tratamento por via intravenosa entre 104 e 120 horas depois do começo da
infecção, isto é, após o aparecimento dos sintomas da doença.
O vírus do Ebola é
responsável de muitas na África há vários anos. Além de constituir um grave
perigo para a saúde pública, o vírus poderia ser utilizado em ataques de
bioterrorismo.
Segundo os cientistas, o
vírus Ebola se multiplica rapidamente transbordando a capacidade do sistema
imunológico para lutar contra a infecção.
O MB-003 é um coquetel
de anticorpos capazes de reconhecer as células infectadas e desatar uma reação
do sistema imunológico para destruí-lo, afirmaram os autores do estudo.
Não foi constatado
qualquer efeito colateral nos macacos tratados com sucesso contra a infecção.
O desenvolvimento deste
tratamento é fruto de dez anos de cooperação entre o setor privado e o governo
americano.
Os cientistas receberam
financiamento da agência de pesquisas do Pentágono (DARPA), dos Institutos
Nacionais de Saúde dos (NIH) e a Agência de Defesa da Redução de Ameaças
(DTRA).
– Na falta de uma vacina
e de um tratamento para tratar ou evitar uma infecção do vírus Ebola,
prosseguir o desenvolvimento de MB-003 é muito promissor – avaliou Larry
Zeitlin, diretor-geral do Mapp Biopharmaceutical em San Diego.
O tratamento MB-003 é
fabricado pelo laboratório Kentucky BioProcessing em Owensboro (Kentucky,
centro-leste).
Fonte: Zero Hora