sexta-feira, 28 de junho de 2013

Manifestação em homenagem às vítimas da Kiss reúne 700 pessoas em Santa Maria

Enquanto a Câmara de Vereadores de Santa Maria era ocupada por manifestantes e parentes de vítimas da Kiss e o Fórum realizava o segundo dia de depoimentos do processo criminal, no Centro, a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) organizava-se, em frente à Catedral Metropolitana, para marcar os cinco meses de um dos capítulos mais tristes já vistos no Brasil: o incêndio da Kiss, seus 242 mortos e mais de 600 feridos.


Se na Câmara uma das reivindicações era justamente relacionada ao caso Kiss, na Avenida Rio Branco, pais, irmãos, avós, amigos, entre outros, davam início, às 17h45min, a uma caminhada pelo centro histórico de Santa Maria em direção à Basílica da Medianeira. A movimentação começou tímida, com cerca de 50 pessoas, mas ganhou força ao longo do percurso, chegando a ter mais de 700 participantes.
No Viaduto Evandro Behr, 242 pessoas se deitaram no asfalto em referência ao número de mortos. Munidos de balões, que continham em seu interior sementes de árvores nativas, familiares iniciaram exatamente às 18h a tradicional homenagem: o minuto de barulho. Com as palmas, os balões foram soltos, para que levassem as sementes e, em algum lugar, elas germinassem.
O ato simbólico foi repleto de emoção, consternação e reflexão — cerca de mil pessoas acompanharam, aplaudiram, e, mais uma vez, relembraram a dor daquela fatídica madrugada do dia 27 de janeiro de 2013.
Após o ato, familiares e amigos seguiram em direção à Rua do Acampamento. Funcionários das lojas, nitidamente emocionados, saíram nas portas para aplaudir a passeata silenciosa.
Em uma loja, as funcionárias Janaina Almeida e Ana Lúcia Santos, ambas de 23 anos, não seguraram as lágrimas ao verem a mãe de Lucas Dias de Oliveira, 20 anos, levantar o cartaz com o retrato do rapaz. Eles eram colegas no local.
— É uma saudade que não tem tamanho. Só pedimos justiça para todos — dizia Janaina.
Na frente da caminhada estavam duas sobreviventes: Jarlene Moreira, que também perdeu o marido, e Fátima Nascimento. Elas tinham dificuldade de se locomover. Mesmo assim, não deixaram de participar do ato de homenagem.
— Quero chamar a atenção para o que foi essa tragédia e pedir justiça por meu marido, por mim, e por todos que foram atingidos pela tragédia — lamentou Jarlene.
Na linha de frente estava o presidente da AVTSM, Adherbal Alves Ferreira. Ele definiu a caminhada como positiva, apesar de esperar mais público. A pequena multidão percorreu a Rua do Acampamento e foi em direção à Avenida Medianeira, onde, na Basílica, foi realizada um culto ecumênico. Em todos os momentos da caminhada, carros buzinavam e moradores dos prédios aplaudiam a caminhada.
— É claro que esperávamos mais gente. Mas esse foi um dos atos mais lindos que fizemos até agora. E afirmo, não vamos parar. Os seis meses também serão lembrados, bem como os demais dias 27. Nem que eu seja o único a homenagear — garantiu Adherbal Ferreira.

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA


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