Dennis, o Pimentinha e o Menino Maluquinho são personagens que
encantaram adultos e crianças durante os anos de 1980 e de 1990 principalmente
pelas peraltices. Guardadas as devidas proporções, os discípulos desse
garotinhos existem e costumam deixar os pais e mães sem saber o que fazer.
Especialistas alertam
que é comum as travessuras dos filhos surpreenderem os adultos, mas eles
precisam ficar atentos a sinais que indiquem a existência de um transtorno
comportamental. A psicanalista infantil e professora da Universidade de
Brasília (UnB) Maria Izabel Tafuri explica que as brincadeiras são
imprescindíveis, pois "ajudam a criança a desenvolver a capacidade de
atenção e a estimular a imaginação". Para identificar se um comportamento
é típico ou extrapola o adequado, é importante ficar de olho em como os
pequenos brincam:
— Eles precisam se
divertir sozinhos e com outras crianças e devem ser assistidos durante esse
período para que se perceba se existe um comportamento problemático.
Psicóloga e analista do
comportamento, Maria Martha Hübner ressalta que algumas atitudes dos pais podem
estimular o mau comportamento dos filhos. O que acontece é que muitas vezes os
adultos dão mais ênfase aos erros da criança e deixam de valorizar o que ela
faz de bom. Em outros casos, dão mais atenção para um filho do que para outro,
o que pode gerar a necessidade de chamar a atenção pelas travessuras.
— Quando a criança faz
algo errado, é melhor falar para ela parar e ter uma conversa rápida,
explicando por que o comportamento não deve ser repetido. Dar muitos sermões e
aplicar punições pode não ser eficiente — aconselha.
Segundo a psicóloga, é
preciso avaliar o cenário em que o erro ou o excesso é cometido pela criança. A
separação dos pais também costuma ser um período de comportamentos exagerados.
Raros, os transtornos de conduta costumam ser resultado de excessos praticados
inicialmente pelos pais, segundo Maria Martha. Uma criança com transtorno
desafiador opositor (TDO) — quando é excessivamente respondona e reage
negativamente aos estímulos — poder ter desenvolvido o problema em razão do
exagero de ordens dadas pelos pais.
— Existem estudos que
mostram que alguns pais e mães chegam a dar mais de mil ordens por dia aos
filhos — diz a psicóloga.
Na opinião de Maria
Martha, a escola exerce um papel importante no desenvolvimento infantil, porém,
precisa melhorar no que diz respeito à aplicação de políticas mais inclusivas.
— Quando a criança não
se comporta como deveria, a maioria das escolas ainda entende que ela tem um
problema e pronto, sendo que seria melhor acolher o aluno — critica.
Para ela, é mais efetivo
conversar e estabelecer uma interação mais próxima com a família para descobrir
o que está causando um comportamento atípico. Esse é o caso do Instituto
Natural de Desenvolvimento Infantil (INDI), que atua dentro da proposta de
inclusão.
— Trabalhamos com a
qualificação das relações humanas e tentamos ajudar a criança a entender seus
sentimentos e saber expressá-los. A escola inclusiva tenta também respeitar as
caraterísticas de cada aluno e ajudá-lo a se desenvolver dentro de suas
condições — explica a diretora, Júlia Chaves.
O que fazer
O tratamento oferecido
pela psicanálise baseia-se na procura pelos estímulos que causam os
comportamentos inadequados. A intenção é analisar os momentos críticos da vida
da criança e descobrir o que estimula o comportamento. De acordo com a
psicóloga Maria Izabel Tafuri, não adianta tentar resolver o problema por meio
da medicação. É importante investir na terapia familiar. Os remédios, como a
Ritalina, têm sido indicados às crianças de forma abusiva, observa Tafuri.
Fique de olho
Confira quais são os
principais transtornos infantis diagnosticados por especialistas
Hiperatividade
— O transtorno de
déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) tem maior incidência na infância e
na adolescência — é presente em cerca de 5% da população em idade escolar. Os
principais sintomas são dificuldade em manter o foco de atenção e/ou manter-se
quieto
Ansiedade de separação
— Ansiedade
excessiva envolvendo o afastamento de casa ou dos pais. A criança acha que vai
se perder e tem medo de nunca mais ver os pais
Falta de limites
— É o transtorno
desafiador opositor (TDO), que tem padrão persistente de comportamentos
desafiadores e hostis. Os pequenos são bastante respondões e costumar dizer não
a pedidos e estímulos feitos pelos adultos.
Fonte: Zero Hora