segunda-feira, 10 de junho de 2013

Engenheiros querem nova lei para escadas rolantes

Menina desprendeu-se dos pais, segurou-se ao corrimão e caiu do segundo para o primeiro andarFoto: lara ely / zero hora
A repetição de acidentes envolvendo escadas rolantes levará a Associação Brasileira de Engenheiros Mecânicos (Abemec/RS) a recomendar a adoção de leis específicaspelos municípios gaúchos.
O episódio mais recente ocorreu na noite de sexta-feira, em Canoas, com a morte de uma menina de três anos. Outros dois casos graves, segundo a entidade, ocorreram na Região Metropolitana desde o final de 2012.
Entre as propostas que os engenheiros devem fazer às prefeituras está a de que sejam afixados avisos recomendando que crianças e pessoas com problemas de mobilidade evitem usar escadas rolantes. Especialista em transporte vertical, o presidente da Abemec/RS, Luciano Grando, afirma que há falta de orientação sobre riscos:
— As pessoas não têm noção do quanto a escada rolante é perigosa. Esse equipamento não é para acessibilidade, não é para criança ou pessoa com dificuldade de locomoção. É um transporte de alto tráfego, para gente com boa mobilidade. Não se divulga muito, mas o pessoal de manutenção costuma encontrar nos equipamentos objetos como sapatos ou vestidos.
Embora não existam estatísticas no Brasil, os profissionais da áreas afirmam que a maior parte dos acidentes envolve crianças. O de sexta-feira ocorreu às 21h45min, no Canoas Shopping. Luisa Igarçaba Marques, três anos, foi erguida pelo corrimão de borracha da escada e caiu do segundo para o primeiro andar — uma altura de cinco metros. Ela foi carregada pelo corrimão por cerca de um metro e meio, até despencar pelo lado do equipamento. Depois de receber atendimento no Hospital de Canoas, foi transferida para o Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, onde morreu às 5h30min de sábado.
— Ela se desprendeu da gente e correu em direção à escada rolante — desabafou a mãe, Lidiane Ferreira Igarçaba.
No dia 2 de abril, um menino de quatro anos teve três dedos amputados depois de prender a mão em uma escada rolante do Shopping Total, na Capital. Segundo a Abemec/RS, também houve um caso em São Leopoldo, no final do ano passado.
Na manhã de sábado, uma equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) esteve no Shopping Canoas para periciar a escada. Também foram requisitadas imagens das câmeras internas do estabelecimento. A investigação vai apurar as circunstâncias do acidente e se houve falha no equipamento.
— Foi uma tragédia. Neste primeiro momento, não foram constatados problemas na escada rolante. O socorro foi imediato. O que a mãe nos relatou é que a criança se soltou e correu para a escada. O pai tentou segurá-la, mas ela acabou caindo — disse o delegado Pablo Rocha.
O engenheiro mecânico Luciano Grando esteve no shopping na manhã de sábado, observou o equipamento e assistiu a alguns vídeos. Segundo ele, a escada rolante é nova, com três ou quatro anos, e não apresentou indícios de falha. A impressão dele é que, por instinto, a criança agarrou-se ao corrimão quando percebeu que estava sendo erguida.
No Brasil, a responsabilidade pela fiscalização das escadas rolantes é dos municípios, mas são raras as prefeituras que realizam inspeções periódicas e dispõem de legislação específica para o setor. Entre os bons exemplos estão Rio de Janeiro e São Paulo.
A Abemec/RS vem discutindo essa lacuna, com a ideia de apresentar um documento com recomendações às prefeituras gaúchas. Um seminário para finalizar essa proposta está marcado para outubro, mas Grando acredita que será antecipado, em consequência dos acidentes recentes.
Atualmente, na maior parte das cidades, a instalação de uma escada rolante é apenas comunicada à prefeitura. A intenção seria criar um processo mais rigoroso. O primeiro passo seria a elaboração de um projeto de instalação, assinado por um profissional com habilitação específica. Em caso de aprovação por um corpo técnico municipal, seria concedido o alvará de instalação. Em um segundo momento, os técnicos inspecionariam o equipamento para conceder o alvará de funcionamento.
Fonte: Zero Hora

CONTATOS:

Email: arlindoal15@hotmail.com

Fone: 96441092