terça-feira, 2 de julho de 2013

Preço da farinha sobe 20% e pressiona pães e massas

A decisão da Argentina de suspender as exportações de trigo como forma de combater a inflação deve tornar ainda mais árdua a luta brasileira para segurar os preços dos alimentos. Como reflexo da oferta menor do grão, as padarias gaúchas começaram a receber ontem remessas de farinha por um custo cerca de 20% superior ao cobrado até a semana passada.
Anova tabela, avisa Arildo Bennech Oliveira, presidente do Sindicato das Indústrias de Panificação e Confeitaria e de Massas Alimentícias e Biscoitos do Rio Grande do Sul (Sindipan), deve fazer o consumidor sentir ainda esta semana reajuste entre 10% e 20% nos produtos. A restrição aos embarques se soma a uma escassez que ocorre no Brasil devido à quebra na safra em toda a América do Sul no ano passado. A consequência já foi sentida no bolso.
Dados do Índice de Preços ao Consumidor — Semanal (IPC-S) da Capital mostram que, no intervalo entre junho de 2012 e maio deste ano, o pão de forma subiu 16,49% e o macarrão instantâneo, 22,03%. Bem acima da inflação de 6,22% do período. O popular pão francês, que até agora passou imune pela elevação, não deve escapar da alta, acredita Oliveira:
— O preço do quilo no Estado, que varia de R$ 5 a R$ 8, deve passar a ser de R$ 6 a R$ 9.
O empresário Severino Armelin, proprietário da Comercial Armelin, no bairro Menino Deus, na Capital, levou um susto ao receber ontem a encomenda semanal de farinha de trigo. O tipo utilizado para pão de ló, por exemplo, saltou de R$ 36 para R$ 42,50 a saca de 25 quilos, alta de 18%. A pré-mistura para pão francês passou de R$ 40 para R$ 46. Apesar da pressão dos custos, por enquanto Armelin pretende segurar os preços:
— Há três meses não repassamos os aumentos. Mas está ficando inviável.
A postura do empresário, que mantendo o preço do pãozinho acredita atrair fregueses que compram outras mercadorias, traz alívio para a aposentada Marli Todt, 66 anos, freguesa habitual que nota a estabilidade no valor em meio a dias de inflação alta.
— Compro todos os dias para a família. Quentinho, feito na hora — contava Marli, com uma sacola repleta de pãezinhos para o café da tarde.
Moinhos vão buscar trigo nos EUA
Como a nova safra de trigo brasileira só começa a ser colhida na primavera, no curto prazo há pouca perspectiva de reversão no quadro de escassez da matéria-prima no país. E o que é ruim pode piorar. Uma das alternativas de abastecimento é importar dos Estados Unidos, mas no final de julho vence a isenção da Tarifa Externa Comum (TEC), o que pode deixar 10% mais cara a compra do grão americano. Além disso, a disparada do dólar nas últimas semanas deve deixar a operação ainda mais onerosa.
Com a paralisação das exportações da Argentina até dezembro, principal fonte de abastecimento do Brasil, a saída reivindicada pelos moinhos é pedir ao governo federal que estenda até o final do próximo mês a isenção da TEC. Como uma carga demora entre 40 e 60 dias para aportar no país desde a data do pedido, o trigo chegaria apenas em agosto.
Os estoques públicos brasileiros, lembra o vice-presidente do Sindicato das Indústrias do Trigo no Estado do Rio Grande do Sul (Sinditrigo-RS), Gerson Pretto, deixaram de ser alternativa. No último leilão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), semana passada, os preços médios encostaram em R$ 800 a tonelada, quase 20% acima do valor de abertura do pregão.
— Está escasso. Restam ainda cem mil toneladas que devem ser vendidas em julho — observa Pretto.

 Fonte: ZERO HORA

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