Se o
Hino Rio-grandense fosse atualizado com base na realidade detectada pelo Índice
de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), divulgado nesta segunda-feira,
o refrão que enaltece façanhas como modelo a toda terra teria de ser reescrito.
Com
crescimento abaixo da média nacional no levantamento que considera longevidade,
acesso ao conhecimento e renda, o Rio Grande do Sul vem perdendo posições ao
longo das últimas duas décadas — e a educação é o indicador com pior
desempenho, apesar dos avanços.
No
comparativo de 2010 com o último índice avaliado, em 2000, o Estado cresceu
12,3%, passando de 0,664 para 0,746 na média geral do levantamento, realizado
pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) para o Brasil,
com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já
a média nacional saltou de 0,612 para 0,727, num incremento de 18,7%.
Na
análise comparativa de um período maior, de 1991 a 2010, o crescimento do IDHM
gaúcho também foi inferior, de 37,6%, enquanto o nacional foi de 47,4%. A boa
notícia é que tanto o Brasil quanto o Rio Grande do Sul evoluíram, saindo da
classificação "muito baixo" para o nível considerado "alto"
entre 1991 e 2010.
Mas os gaúchos têm menos motivos para comemorar. Tendo
sido ultrapassado pelo Paraná, o Rio Grande do Sul caiu de quinto para sexto
melhor colocado em nível nacional em relação aos dois últimos levantamentos. Se
apenas os números referentes à educação fossem considerados, o declínio seria
mais significativo: o Estado ficaria em oitavo lugar, atrás de Espírito Santo e
Goiás. Entre os destaques feitos pelo PNUD aos classificados com melhor
pontuação na área da educação, apenas um município gaúcho aparece na lista, que
reúne ao todo 52 municípios: em 39º lugar, quem nos representa é Lagoa dos Três Cantos,
cidade com 1,5 mil habitantes.
O
índice de educação é medido a partir de dois itens. O primeiro é a escolaridade
da população com 18 anos ou mais, que tem peso um no cálculo. O segundo, que
tem peso dois, é uma média do percentual de crianças entre cinco e seis anos
frequentando a escola, do percentual de jovens entre 15 e 17 anos com Ensino
Fundamental completo e do percentual de jovens entre 18 e 20 anos com Ensino
Médio completo.
Para
a secretária-adjunta da Educação do Estado, Maria Eulalia Nascimento, um dos
motivos que explicam o declínio progressivo em relação ao cenário nacional
seria o alto índice de repetência e a falta de acesso à Educação Infantil.
— Até
2011 tínhamos no Ensino Médio o maior índice de reprovação do país e éramos o
Estado com menor cobertura de atendimento à Educação Infantil. Perdemos mais de
30% de nossos alunos com repetência e evasão. Estamos trabalhando para mudar
isso. O Rio Grande do Sul não participou com a intensidade que poderia do
processo da educação no Brasil, porque antes se tinha outra visão — diz ela, em
referência indireta a governos anteriores.
A classificação
0,800
a 1 - Muito alto desenvolvimento humano
0,700
a 0,799 - Alto desenvolvimento humano
0,600
a 0,699 - Médio desenvolvimento humano
0,500
a 0,599 - Baixo desenvolvimento humano
0 a
0,499 - Muito baixo
Ranking por Estados
O Rio Grande do Sul aparece na sexta posição, na lista
que tem Alagoas (0,631) como último colocado:
1º Distrito Federal: 0.824
2º São Paulo: 0.783
3º Santa Catarina: 0.774
4º Rio de Janeiro: 0.761
5º Paraná: 0.749
6º Rio Grande do Sul: 0.746
7º Espírito Santo: 0.740
8º Goiás: 0.735
9º Minas Gerais: 0.731
10° Mato Grosso do Sul: 0.729
Fonte:
Zero Hora