terça-feira, 7 de maio de 2013

Abelhas sem ferrão ajudam crianças de Ivoti a se aproximar do ambiente

Quando três professoras do Instituto de Educação de Ivoti se reuniram, em 2003, para criar o projeto Herbário Vivo, nem imaginavam que o investimento em educação ambiental traria tantos resultados.
Principalmente após parceria com a Cooperativa dos Apicultores da cidade, por meio da qual surgiu a ideia de crianças criarem abelhas jataí em área verde destinada a hortaliças e flores da escola da Rede Sinodal.
— Uma das principais reclamações dos alunos antes de pensarmos nas abelhas jataí era a de que, quando mexiam nas flores, as abelhas os "picavam". Como esse tipo (jataí) não tem ferrão, eles não tinham mais argumentos para ficarem longe da natureza — explica a professora Soeli Presser, 62 anos, uma das idealizadoras do projeto, iniciado há cerca de três anos.
Os pais das crianças viram na ideia uma maneira de manter uma tradição herdada, conforme relata Vera Hoffmann, vice-diretora da unidade:
— A maior parte dos nossos alunos é de filhos de agricultores que vieram do campo para a cidade. Os pequenos perdem, muitas vezes, essas raízes. Tentamos buscar essa reaproximação.
Melhora no comportamento entre colegas é um dos efeitos
O primeiro efeito da nova paixão da criançada foi a melhora no comportamento entre colegas e com professores.
— Melhoraram em todos os sentidos. Estão mais respeitosas, sensíveis e higiênicas. Eu pergunto para eles: "já viram abelha tirar coisinha do nariz?" — conta, aos risos, Soeli.
As crianças também estão mais pacientes, apontam as professoras. Se antes os alunos chegavam com o pique à flor da pele, hoje, a situação mudou.
— Quando chego aqui, fico bem calmo. Se aconteceu algo ruim no dia, entro em contato com a natureza e fico bem — diz Ian Jacobos, sete anos.
O menino, ao lado das colegas de 3º ano do Ensino Fundamental (EF) Bianca Kerkoff, Carolina Buller e Eduarda Ávila, é um protetor do espaço verde. Já passou sermão até em alunos do 1º ano do Ensino Médio. Foi após adolescentes terem jogado lixo no espaço cuidado pelas crianças da Educação Infantil ao 5º ano.
— Eles falaram: "ei, olha aqui, isso não pode fazer. As plantinhas, as abelhas e as minhocas vão morrer assim" — lembra a professora Vera.
Ficha técnica
> Nome científico: Tetragonisca angustula
> Família: Meliponíneos (sem ferrão)
> Utilidades: produção de mel, polinização de vegetais, tais como moranguinho, pepino e frutas rosáceas (maçã, pessegueiro)
> História: datada do século 16, quando os portugueses entraram em contato com a botânica indígena
> Onde é encontrada: no continente americano, do México ao norte da Argentina e do Uruguai, e em todo o território brasileiro
Fonte: professor de Apicultura da Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) 

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