sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Números de homicídio não são motivos de pânico

Em menos de cinco dias, a comunidade santa-mariense foi surpreendida por dois assassinatos bárbaros. Além das duas vítimas serem mulheres, outra peculiaridade encontrada nos crimes chamou a atenção da população: a ousadia dos autores. Na quarta-feira, o corpo de Neiva da Silva Moralles, 44 anos, foi jogado, por volta das 14h, no estacionamento do supermercado Nacional, na área central da cidade. Antes disso, no último sábado, a bancária Betania Furlan Miolo, 33 anos, foi executada com cinco tiros pelo marido, em plena luz do dia, em Camobi.
Mesmo que a polícia tenha agido rapidamente e identificado os autores dos dois assassinatos poucas horas depois dos crimes, o fato de os homicídios terem sido praticados à luz do dia e as vítimas deixadas em locais de grande circulação de pessoas, os santa-marienses têm a sensação de insegurança.
— Mais um caso de violência. Parece que toda a semana acontece uma coisa dessas. Já houve aquele no bairro Camobi (Betania), na semana passada, também durante o dia. Santa Maria está ficando difícil — diz a aposentada Gelcira Mabone, 62 anos, uma das centenas de pessoas que acompanharam o trabalho da perícia, no estacionamento onde o corpo de Neiva foi abandonado.
Porém, apesar da violência empregada nos homicídios ter assustado a população, se forem analisados os números de crimes contra a vida registrados no último ano, em municípios do interior com a população mais parecida com a de Santa Maria, a cidade do centro do Estado aparece entre as menos violentas. Baseado em dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (confira nos quadros ao lado), o Diário calculou que Santa Maria registrou 15 assassinatos para cada 100 mil habitantes em 2012, mesmo índice de Rio Grande.
Caxias do Sul, na Serra, é a cidade mais violenta do Interior
Em homicídios, Caxias do Sul é a cidade mais violenta, com 26 casos para cada 100 mil habitantes, seguida de Passo Fundo, com 24, e Pelotas, com 17. Em 2012, Santa Maria, que tem 261 mil habitantes, registrou 39 mortes violentas. Caxias, com 435 mil habitantes, contabilizou 106 homicídios e seis latrocínios. E Passo Fundo, cuja população é de 184 mil habitantes — 77 mil a menos que Santa Maria —, foram 45 assassinatos no ano passado.
Especialista reforça tese de que Santa Maria não é violenta
De acordo com Marcos Rolim, especialista em segurança pública e direitos humanos, os números mostram que o problema da violência contra a vida é muito mais grave em outras cidades do que em Santa Maria.
— Ao contrário do que se poderia pensar, 2013 tende a ser menos violento do que os dois últimos anos em Santa Maria. Este tipo de informação que contraria o senso comum e a impressão que as pessoas possuem, deve ser fornecida à população — avalia Rolim, referindo-se ao Estado.
O professor e coordenador do curso de Ciências Sociais da UFSM, Dejalma Cremonese, acredita que é preciso descontruir essa sensação de insegurança e de medo que a população está sentindo.
— Esses crimes acontecem em todos os lugares e vão continuar acontecendo. Com a grande repercussão por meio da internet e redes sociais, a dimensão dos fatos está cada vez maior. Mas, a sensação de insegurança, precisa ser descontruída — argumenta o sociólogo.

Fonte: DIÁRIO DE SANTA MARIA

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