Em
menos de cinco dias, a comunidade santa-mariense foi surpreendida por dois
assassinatos bárbaros. Além das duas vítimas serem mulheres, outra
peculiaridade encontrada nos crimes chamou a atenção da população: a ousadia
dos autores. Na quarta-feira, o corpo de Neiva da Silva Moralles, 44 anos, foi
jogado, por volta das 14h, no estacionamento do supermercado Nacional, na área
central da cidade. Antes disso, no último sábado, a bancária Betania Furlan
Miolo, 33 anos, foi executada com cinco tiros pelo marido, em plena luz do dia,
em Camobi.
Mesmo
que a polícia tenha agido rapidamente e identificado os autores dos dois
assassinatos poucas horas depois dos crimes, o fato de os homicídios terem sido
praticados à luz do dia e as vítimas deixadas em locais de grande circulação de
pessoas, os santa-marienses têm a sensação de insegurança.
—
Mais um caso de violência. Parece que toda a semana acontece uma coisa dessas.
Já houve aquele no bairro Camobi (Betania), na semana passada, também durante o
dia. Santa Maria está ficando difícil — diz a aposentada Gelcira Mabone, 62
anos, uma das centenas de pessoas que acompanharam o trabalho da perícia, no
estacionamento onde o corpo de Neiva foi abandonado.
Porém,
apesar da violência empregada nos homicídios ter assustado a população, se
forem analisados os números de crimes contra a vida registrados no último ano,
em municípios do interior com a população mais parecida com a de Santa Maria, a
cidade do centro do Estado aparece entre as menos violentas. Baseado em dados
da Secretaria Estadual de Segurança Pública (confira nos quadros ao lado), o
Diário calculou que Santa Maria registrou 15 assassinatos para cada 100 mil
habitantes em 2012, mesmo índice de Rio Grande.
Caxias
do Sul, na Serra, é a cidade mais violenta do Interior
Em
homicídios, Caxias do Sul é a cidade mais violenta, com 26 casos para cada 100
mil habitantes, seguida de Passo Fundo, com 24, e Pelotas, com 17. Em 2012,
Santa Maria, que tem 261 mil habitantes, registrou 39 mortes violentas. Caxias,
com 435 mil habitantes, contabilizou 106 homicídios e seis latrocínios. E Passo
Fundo, cuja população é de 184 mil habitantes — 77 mil a menos que Santa Maria
—, foram 45 assassinatos no ano passado.
Especialista
reforça tese de que Santa Maria não é violenta
De
acordo com Marcos Rolim, especialista em segurança pública e direitos humanos,
os números mostram que o problema da violência contra a vida é muito mais grave
em outras cidades do que em Santa Maria.
—
Ao contrário do que se poderia pensar, 2013 tende a ser menos violento do que
os dois últimos anos em Santa Maria. Este tipo de informação que contraria o
senso comum e a impressão que as pessoas possuem, deve ser fornecida à
população — avalia Rolim, referindo-se ao Estado.
O
professor e coordenador do curso de Ciências Sociais da UFSM, Dejalma
Cremonese, acredita que é preciso descontruir essa sensação de insegurança e de
medo que a população está sentindo.
—
Esses crimes acontecem em todos os lugares e vão continuar acontecendo. Com a
grande repercussão por meio da internet e redes sociais, a dimensão dos fatos
está cada vez maior. Mas, a sensação de insegurança, precisa ser descontruída —
argumenta o sociólogo.
Fonte: DIÁRIO DE SANTA
MARIA